ATA DA SEXAGÉSIMA OITAVA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 01.08.1990.

 


Ao primeiro dia do mês de agosto do ano de mil novecentos e noventa reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Sexagésima Oitava Sessão Ordinária da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Clóvis Brum, Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Ervino Besson, Flávio Koutzii, Gert Schinke, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Dib, João Motta, José Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Mano José, Nelson Castan, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos, Wilton Araújo, Adroaldo Correa e Martim Aranha. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Wilson Santos que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura das Atas da Sexagésima Sétima Sessão Ordinária e da Décima Sétima Sessão Solene, que foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Airto Ferronato, 01 Pedido de Providências; pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, 02 Pedidos de Providências; 01 Pedido de Informações; 01 Emenda ao Projeto de Lei do Legislativo nº 81/90 (Processo nº 1341/90); 05 Projetos de Lei do Legislativo nºs 82/90 (Processo nº 1356/90); 81/90 (Processo nº 1341/90); nº 87/90 (Processo nº 1377/90); nº 89/90 (Processo nº 1393/90); nº 98/90 (Processo nº 1519/90); 01 Projeto de Resolução nº 28/90 (Processo nº 1436/90); 01 Substitutivo, subscrito pelo Líder da Bancada do PT, Ver. João Motta, ao Projeto de Lei do Legislativo nº 06/90 (Processo nº 109/90); pelo Ver. Clóvis Brum, 01 Projeto de Resolução nº 29/90 (Processo nº 1475/90); pelo Ver. Cyro Martini, 01 Pedido de Informações ao Governo Estadual, este aprovado pela Casa; pelo Ver. Dilamar Machado, 01 Pedido de Providências; pelo Ver. Edi Morelli, 06 Pedidos de Providências; 02 Indicações; 01 Pedido de Informações; pelo Ver. Ervino Besson, 03 Pedidos de Providências; 01 Pedido de Informações; 02 Projetos de Lei do Executivo nºs 93/90 (Processo nº 1447/90); 94/90 (Processo nº 1448/90); pelo Ver. Isaac Ainhorn, 05 Pedidos de Providências; pelo Ver. Jaques Machado, 05 Pedidos de Providências; pelo Ver. José Valdir, 01 Substitutivo ao Projeto de Lei do Legislativo nº 15/90 (Processo nº 475/90); pelo Ver. Lauro Hagemann, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 91/90 (Processo nº 1429/90); 01 Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 19/90 (Processo nº 1430/90); pelo Ver. Leão de Medeiros, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 83/90 (Processo nº 1357/90); 01 Substitutivo ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 07/90 (Processo nº 669/90); pela Verª Letícia Arruda, 06 Pedidos de Providências; 01 Indicação; pelo Ver. Mano José, 01 Pedido de Providências; 01 Pedido de Informações; pelo Ver. Martim Aranha, 01 Pedido de Providências; 01 Pedido de Informações; pelo Ver. Omar Ferri, 10 Pedidos de Providências; 01 Indicação; pelo Ver. Vicente Dutra, 11 Pedidos de Providências; 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 95/90 (Processo nº 1479/90); pelo Ver. Wilson Santos, 02 Pedidos de Providências; 02 Projetos de Lei do Legislativo nºs 92/90 (Processo nº 1442/90); 99/90 (Processo nº 1520/90); pelo Ver. Wilton Araújo, 01 Indicação. Ainda, foram apregoados os Projetos de Lei do Executivo nºs 31/90 (Processo nº 1403/90); 33/90 (Processo nº 1418/90); 35/90 (Processo nº 1468/90); 37/90 (Processo nº 1535/90); 38/90 (Processo nº 1544/90); os Projetos de Lei Complementar do Executivo nºs 10/90 (Processo nº 1536/90); 11/90 (Processo nº 1537/90). Após, foi aprovado Requerimento verbal do Ver. Isaac Ainhorn, solicitando a inversão da ordem dos trabalhos, passando-se à ORDEM DO DIA. Em continuidade, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver. Antonio Hohlfeldt, de Moção de Repúdio aos Presidentes da República, Senado, Câmara Federal e da Caixa Econômica Federal, Ministros da Economia e do Trabalho, Líderes de Bancada do Senado e da Câmara, pela demissão imotivada de funcionário da Caixa Econômica Federal; do Ver. Isaac Ainhorn, solicitando que o Grande Expediente da Sessão Ordinária do dia oito de agosto seja destinado a homenagear a Ordem dos Advogados do Brasil, por ocasião do transcurso da Semana do Advogado; solicitando a realização de Sessão Solene em homenagem aos quarenta anos do Instituto de Idiomas Yázigi, no dia dezesseis de outubro, às dezessete horas; do Ver. Leão de Medeiros, solicitando que o período de Grande Expediente do dia doze de setembro seja dedicado a homenagear o Dia do Servidor Penitenciário; do Ver. Mano José, solicitando que o Grande Expediente do dia seis de agosto seja dedicado a homenagear o Hospital Geral de Porto Alegre (Hospital Militar), pelo transcurso do centenário de criação do mesmo; do Ver. Vieira da Cunha, de Moção de Repúdio à condenação imposta ao Jornalista gaúcho Flávio Tavares pela Justiça Argentina, em razão da publicação do artigo no jornal “Folha de São Paulo”, em mil novecentos e oitenta e cinco, que continha depoimentos sobre julgamento das Juntas Militares argentinas e o envolvimento de civis em torturas; do Ver. Wilson Santos, solicitando a realização, dia dezenove de setembro, às dezessete horas, de Sessão Solene dedicada a homenagear o Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense, por ter conquistado o Hexacampeonato de Futebol do Rio Grande do Sul, bem como pelo transcurso do seu octogésimo sétimo aniversário de fundação. Também, foi rejeitado Requerimento do Ver. Edi Morelli, solicitando que seja encaminhada à Brigada Militar, Polícia Civil e ao Presidente da Assembléia Legislativa manifestação de repúdio desta Casa ao apoio dado pela Prefeitura Municipal (Secretaria Municipal da Cultura) à publicação da revista Dundum, pela forma como está sendo encarada a cultura em nosso Município. Este Requerimento foi encaminhado à votação pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Edi Morelli e Vicente Dutra, tendo sido rejeitado por seis Votos SIM contra quatorze Votos NÃO e três ABSTENÇÕES, sendo solicitada verificação de votação pelo Ver. Vicente Dutra. Na ocasião, o Sr. Presidente respondeu Questão de Ordem do Ver. Clóvis Ilgenfritz, acerca da necessidade de que o Vereador, quando em período de encaminhamento de votação, atenha seu discurso ao assunto em debate. A seguir, o Sr. Presidente informou que o Grande Expediente da presente Sessão seria destinado a homenagear o Amparo Santa Cruz pelo transcurso de seu aniversário, conforme Requerimento, aprovado, do Ver. Vicente Dutra, suspendendo os trabalhos às quatorze horas e cinqüenta e dois minutos, nos termos do artigo 84, II, do Regimento Interno. Às quatorze horas e cinqüenta e seis minutos, constatada a existência de “quorum”, foram reabertos os trabalhos e o Sr. Presidente convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Reverendo Padre Almarinho Vicente Lazzari, Vice-Diretor do Amparo Santa Cruz; Dr. Carlos Hoffmeister, Conselheiro do Amparo Santa Cruz; Dr. Antônio Parissi, Conselheiro do Amaparo Santa Cruz; Ver. Lauro Hagemann, 1º Secretário da Casa. Após, o Sr. Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Ervino Besson, em nome da Bancada do PDT, relatou visita que fez ao Amparo Santa Cruz, quando entrou em contato com o trabalho ali realizado, de assistência às crianças abandonadas da Cidade. O Ver. Vicente Dutra, em nome das Bancadas do PDS, PT, PMDB, PTB, PCB, PSB e PL, discorreu sobre a criação do Amparo Santa Cruz, inicialmente destinado ao atendimento de filhos sadios de hansenianos, objetivo esse ampliado durante o transcorrer dos últimos cinqüenta anos. Destacou a participação do Rotary Clube na direção desse estabelecimento assistencial. Após, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Dr. Antonio Parissi que, em nome do Amparo Santa Cruz, agradeceu a homenagem prestada pela Casa. Em continuidade, o Sr. Presidente pronunciou-se acerca da solenidade e agradeceu a presença de todos. Durante a Ordem do Dia, ainda foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver. Valdir Fraga, solicitando que o Grande Expediente da Sessão Ordinária do dia quinze do corrente seja dedicada a homenagear o Dia de Portugal e o Aniversário de Camões; do Ver. Wilton Araújo, solicitando que seja convocando o Secretário do Governo Municipal para prestar esclarecimentos junto à Comissão de Justiça e Redação sobre o motivo do não-cumprimento da Lei Complementar nº 195/88. Às quinze horas e trinta minutos, o Sr. Presidente suspendeu os trabalhos, nos termos do artigo 84, II do Regimento Interno e, às quinze horas e trinta e um minutos, constatada a inexistência de “quorum” para a reabertura dos trabalhos, o Sr. Presidente declarou encerrada a presente Sessão, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Ve­readores Valdir Fraga e Lauro Hagemann e secretariados pelos Vereadores Lauro Hagemann e Wilton Araújo. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.

 

 


O SR. ISAAC AINHORN (Requerimento): Sr. Presidente, eu requeiro que sejam invertidos os trabalhos.

Que fossem votados, primeiramente, os Requerimentos, tendo em vista que alguns Requerimentos prevêem algumas Sessões e atos que se desenrolarão nos próximos dias. Em razão disso, pela urgência, eu pediria que votássemos em primeiro lugar os Requerimentos, já que nada mais existe na Ordem do Dia.

 

O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Em votação o Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Passamos à

ORDEM DO DIA

 

A Mesa submete ao Plenário os seguintes Requerimentos: do Ver. Edi Morelli, solicitando que seja encaminhada à Brigada Militar, Polícia Civil e ao Presidente da Assembléia Legislativa manifestação de repúdio desta Casa ao apoio dado pela Prefeitura Municipal (Secretaria Municipal de Cultura) à publicação da revista Dundum, pela forma como está sendo encarada a cultura em nosso Município. Em votação. (Pausa.) Para encaminhar, pelo PT, o Ver. Antonio Hohlfeldt.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, encaminho, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, contrariamente a esta Moção e queria deixar muito claro que não é pelo fato de ser esta Administração e de ser o Partido ao qual pertencemos. Eu faria o mesmo, como em ocasiões anteriores já fiz, se, por exemplo, tivesse sido um apoio dado ao tempo da Administração Collares, da Administração Villela, da Administração Dib, a esta revista. E isto por uma questão muito simples: ao longo de todos os anos da censura e da ditadura neste País, eu, como intelectual, e vários de nós aqui nesta Casa, de vários partidos, isso não tem coloração partidária específica, lutamos e nos disputamos contrários à censura, ao controle de idéias, e à proibição da circulação de idéias. Que discordemos das idéias é uma coisa, pessoalmente, teria votado contra o projeto, por exemplo, que proibia as suásticas, em Porto Alegre, porque acho que combatemos a suástica com a idéia contrária à suástica, e não, pura e simplesmente, com a proibição da suástica, agora, já que se votou, entendo que é fundamental que se possibilitem discussões. Acho que a revista tem algumas idéias de mau gosto, de mau desenho, é uma coisa a se discutir, esteticamente, e a responsabilidade é dos autores e dos quadrinistas que fizeram o desenho e a história, mas entendo que, de maneira nenhuma, sobretudo nós, enquanto Câmara de Vereadores, poderíamos defender a censura e o controle das idéias. Aliás, se bem entendi, acho que, de um modo geral, as pessoas que levantaram as questões em torno da revista, algumas esclareceram, lembro que a Verª Arruda colocava isso com clareza nos debates, ela não queria discutir as idéias, mas o apoio à revista como um todo. Nesse sentido, não por ser da situação, mas por ter uma coerência, um comprometimento em relação a uma posição contrária à censura, e pretendo voltar a essa discussão, provavelmente nesta Sessão, num caso Federal, o Governo Federal está criando um órgão disfarçado de censura, acho isso grave, porque vai contra a Constituição, não entro no mérito da coisa, mas é uma maneira de contornar aquilo que a Constituição delimita, nesse sentido encaminho contrário à revista. Acho que as posições de críticas e condenação expostas aqui são absolutamente permissíveis, válidas, é uma discussão de que devemos participar, mas me parece que o exercício da censura é uma coisa que me repugna, como me repugna a posição que hoje algumas pessoas tentam desenvolver, contrários, por exemplo, ao Memorial em homenagem ao Prestes, que foi um projeto de autoria do Ver. Vieira da Cunha, e a minha coerência é a mesma coisa, assim como defendo o Memorial Prestes, defendo a liberdade da circulação, e até mesmo do apoio à Revista: a SEC tem que apoiar e não tem que perguntar se concorda ou discorda das idéias colocadas na Revista, sim. A Secretaria de Cultura tem que apoiar e não tem que perguntar se concorda ou discorda das idéias expostas na Revista. A responsabilidade dessas idéias é das pessoas que fizeram, é das pessoas que assinaram, e elas vão responder perante a opinião pública, assim como eu me coloco contrário ao cerceamento, por exemplo, da presença de idéias de manifestações, as mais diferentes possíveis, inclusive da extrema direita. Eu acho que a idéia a gente combate com outra idéia e não com uma proibição, e não com uma condenação, que tem muito, no meu entendimento, de ranço policial, no mau sentido, porque eu não quero aqui agredir a classe dos policiais, não porque o Ver. Leão de Medeiros está aqui, mas porque eu acho que às vezes a gente tem um ranço contra o policial e eu confesso que eu também já tive, e acho que me corrigi em parte, pensar que todo o policial tem um aspecto negativo, quando é exatamente o contrário.

Então, é neste sentido que eu queria encaminhar e apelar aos Srs. Vereadores no sentido de que não se aprove a Moção, não por uma questão política, não por uma questão de ser do meu Partido. Eu assinei, por exemplo, a CPI pedida pela Verª Arruda e acho que deve-se fazer a CPI. Agora, se nós pedirmos a CPI e ao mesmo tempo fazemos a condenação, quer dizer, das duas uma, ou a condenação se antecipa à CPI, então eu retiro o meu apoio à CPI ou se faça a CPI e se na CPI nós concluirmos pela condenação, então depois se apresente a condenação. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Edi Morelli.

 

O SR. EDI MORELLI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o que me levou a entrar com uma Moção de Repúdio não foi contra a Revista Dumdum, porque a Revista Dumdum é altamente instrutiva, altamente elogiada porque ensina os jovens a masturbação manual. Então ela tem méritos. A Moção de Repúdio apresentada por mim, foi porque enquanto esta Cidade que agora já não está mais tão atirada porque nós estamos a pouco menos do que 60 dias de eleição e isto é normal acontecer. Em vésperas de eleições começam a mostrar alguma coisa para o povo. Mas enquanto esta Cidade sofre problema de recolhimento de lixo, tem problema de iluminação publica, tem problema no transporte coletivo. Tem problema de canto a canto, a prefeitura, a Frente Popular dá apoio a este tipo de Revista. Este foi o motivo para eu entrar com esta Moção de Repúdio. E quando falo que a Frente Popular tem tanta coisa para se preocupar como aqui não me responderam ainda o que é feito com os Cr$ 3.120.000,00 por dia que são roubados do povo na tarifa de Porto Alegre. É um problema extratarifário, é uma taxa extratarifária que é embolsada e agora compram 20 ônibus. De março para cá daria para comprar de dois em dois dias um ônibus. Aí ninguém me responde, mas para responder a uma Moção de Repúdio me dão explicação. Agora eu quero saber onde está indo este dinheiro que estão roubando do povo: cr$ 3.120.000,00 por dia que está sendo embolsado.

Acordos de cavalheiros feito entre SMT e ATP e aí eles vêm combater uma Moção de Repúdio a uma revista pornográfica com o apoio da Prefeitura. Mas aquilo que interessa ao povo eles não respondem desta tribuna.

(Apartes anti-regimentais.)

Uma praça de lazer negociada com uma empresa para ser levantado no local um edifício, isso é natural?

 

O Sr. Décio Schauren: V. Exª votou nisso.

 

O SR. EDI MORELLI: Votei a favor da CARRIS pedindo explicação do seu Partido, que é tão descarado quanto V. Exª que não me responde (dirigido-se ao Ver. Décio Schauren). Responda-me onde vão os cr$ 3.120.000,00 diários que estão sendo roubados.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ (Questão de Ordem): O orador não está se referindo ao tema para o qual ele se inscreveu para encaminhar. Está tumultuando a Sessão.

 

O SR. PRESIDENTE: Por gentileza, Ver. Edi Morelli, o tema é o Requerimento encaminhado por V.Exª, portanto, V.Exª tem mais um minuto.

 

O SR. EDI MORELLI: Não vou ocupar mais um minuto. Vou apenas parabenizar a Frente Popular porque é um Governo voltado à cultura. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Vicente Dutra.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Pretendo ser o mais rápido possível, até porque está marcada uma Sessão de homenagem ao Amparo Santa Cruz, já temos aqui no nosso Plenário, crianças, jovens, benfeitores, que são pessoas ocupadas tem afazeres, e nós temos que procurar tornar mais rápido possível esta Sessão, para que se faça homenagem prevista para este dia. Mas não poderia deixar de vir à tribuna para conclamar aos meus pares, Vereadores dessa casa, a que votem favoravelmente a esta Moção de Repúdio. Porque esta é a hora da verdade, esta Casa, neste momento, vai-se pronunciar sobre essa barbaridade perpetuada em Porto Alegre, há poucos dias, com a edição da Revista Dumdum. Revista que recebeu o repúdio total da Cidade, através das manifestações dos meios de comunicação, e das pessoas coerentes que ainda existem nesta Cidade. Esta Casa que é a caixa de ressonância de tudo, de bom e de mau que acontece nessa Cidade, tem obrigação nesse momento de votar contrário a Edição dessa Revista. Teremos que evocar agora a censura, censura que neste momento, há alguns segundos atrás, vi manifestada pelo Ver. Clovis Ilgenfritz, em censurando o pronunciamento do Ver. Edi Morelli. Isto sim é censura, não deixando ele expor livremente o seu pensamento, e através dos recursos da Questão de Ordem, tentando censurar a palavra, como é comum nos companheiros do PT. Aí se evoca o Regimento, mas e as questões morais, as questões econômicas que envolveram a Edição da Revista Dumdum, retirando o dinheiro de iluminação, retirando o dinheiro de tanta coisa de que esta Cidade necessita para lançar uma nojeira daquelas, isso aí não tem justificativa. E vem o Vereador do PT, ainda, como vi, da tribuna, dizer que a revista Dumdum é comparada aos grandes mestres da arte, a Goya, a Rubens, porque também fizeram mês – vejam bem – e foram criticados. Tem que ter muito peito e muita coragem para fazer a comparação das barbaridades inseridas naquela revista, inclusive com ofensa ao negro, à empregada doméstica e uma série de coisas, comparando aquela barbaridade aos grandes mestres da cultura. Por isso, terminando meu pronunciamento conclamo aos Vereadores, que tenho certeza na sua maioria são pessoas de bom senso, para que votem contra, usando a expressão do Ver. Omar Ferri, a essa ultra-burrice, eu já digo um equívoco, ultra-burrice que foi perpetrada pela Administração em dar seu apoio a esta revista chamada Dumdum. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. Edi Morelli. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) REJEITADO.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente, para um Requerimento. Solicito votação nominal.

    

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. 1º Secretário que proceda à chamada nominal para a verificação da votação.

 

 O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada nominal.) Sr. Presidente, 6 Srs. Vereadores votaram sim, 14 votaram não e 3 abstenções.

 

O SR. PRESIDENTE: REJEITADO o Requerimento.

 

(Votaram SIM os Vereadores: Edi Morelli, Leão de Medeiros, Omar Ferri, Vicente Dutra, Wilson Araújo e Martim Aranha. Votaram NÃO os Vereadores: Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Clovis Ilgenfritz, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Flávio Koutzii, Gert Schinke, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Motta, José Valdir, Lauro Hagemann, Adroaldo Correa. Abstiveram de votar os Vereadores: Ervino Besson, João Dib e Vieira da Cunha.)

 

O SR. PRESIDENTE: Do Ver. Cyro Martini solicitando que seja encaminhada ao Sr. Governador consulta acerca do heliporto, localizado na rua Freitas de Castro.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

(Obs: Foram aprovados os demais Requerimentos constantes na Ata.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Grande Expediente foi requerido pelo Ver. Vicente Dutra e vai ser dedicado a homenagear o Amparo Santa Cruz pelo transcurso do seu Cinqüentenário. Nós suspendemos a Sessão por dois minutos para convidar os convidados que se encontram no Gabinete da Presidência, para compor a Mesa. Estão suspensos os trabalhos.

 

(Os trabalhos foram suspensos às 14h52min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 14h56min): Senhores Vereadores, Senhoras, Senhoritas, Senhores, Alunos Professores, amigos, Conselheiros presentes nesta homenagem ao Amparo Santa Cruz pelo seu Cinqüentenário, esta homenagem foi Requerida pelo Ver. Vicente Dutra e aprovada por esta Casa por unanimidade. Vão compor a Mesa, para honra nossa, o Ver. Lauro Hagemann, 1º Secretário, Reverendo Pe. Almarinho Vicente Lazzari, Vice-Diretor-­Presidente do Amparo Santa Cruz, Dr. Carlos Hoffmeister, Conselheiro do Amparo Santa Cruz e o Dr. Antônio Parissi, Conselheiro do Amparo Santa Cruz. (Lê.)

“Ao ensejo do transcurso do Cinqüentenário da Fundação do Amparo Santa Cruz, resgatamos, nesta data, dívida muito antiga com essa tradicional entidade.

Voltada ao longo de todo esse tempo ao abrigo de filhos sadios de leprosos, o sonho idealizado pelo Padre João Rick permanece ainda de pé e cada vez mais fortalecido.

Essa positiva realidade, ampliada por abnegados seguidores, mantém, hoje, mais de 120 crianças carentes, jovens estudantes e idosos de ambos os sexos em saudável convivência.

Nossa saudação, portanto, ao Amparo Santa Cruz.”

De imediato, em nome da Bancada do PDT, será o primeiro orador o Ver. Ervino Besson, também um dos Vereadores que conhece muito bem o Amparo Santa Cruz.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente desta Casa, nosso estimado Ver. Valdir Fraga, Padre Almarinho Vicente Lazzari, Vice-Presidente do Amparo Santa Cruz, Senhores Vereadores; queridas crianças, que estão aqui presentes, do Amparo Santa Cruz.

Eu não preparei nada, mas quando vi que estava sendo homenageado o Amparo Santa Cruz, eu com muita honra subo a esta tribuna para falar em nome de minha Bancada, o PDT. Aproveito a oportunidade para parabenizar a iniciativa do ilustre colega Luiz Vicente Dutra.

Subo a esta tribuna para lembrar alguns fatos que marcaram muito na trajetória da minha vida sobre o Amparo Santa Cruz. Um certo dia nós estávamos na padaria, eu e o saudoso e querido falecido Ademir Castilhos Dorneles, e recebemos lá uma visita de uma Senhora que nos fez um convite para irmos fazer uma visita ao Ampara Santa Cruz e no outro dia, eu e o falecido Ademir, lá estivemos. Chegando lá tivemos a oportunidade de ver a Direção, os Professores, enfim toda aquela equipe que dava o seu trabalho com muita dificuldade àquelas crianças do Amparo Santa Cruz, daquele momento em diante Sr. Presidente e Senhores Vereadores, a todos que aqui estão, neste Plenário, nós ficamos impressionados e ficamos chocados de ver aquelas crianças, mas no mesmo tempo ficamos alegres de lá ver e assistir pessoas preocupadas a darem, a estenderem, a fazerem alguma coisa para essas crianças abandonadas, aquelas pequeninas crianças. Daquele momento em diante, na medida do possível nós colaborávamos com o Amparo Santa Cruz, porque hoje o pão-nosso-de-cada-dia é um dos alimentos onde o pobre, aquelas pessoas com menor poder aquisitivo não têm condições de levar a sua mesa e a mesa daquelas pessoas que sabemos nós, hoje, que é com uma grande dificuldade, porque não tem condições para o seu sustento, para o seu alimento do dia-a-dia. E nós naquele convívio diário, não só diário, mas duas ou três vezes por semana nós íamos até o Amparo Santa Cruz levarmos a nossa contribuição. Tenho certeza que é uma grande valia para aquela direção e para aquelas crianças.

Lembro-me que num dia frio, muito frio, chegando lá, às 7h30min da manhã, encontramos na porta do Amparo Santa Cruz – eu lamento, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, queridas crianças, senhoras que também estão nos assistindo, funcionários aqui da Casa, eu não ter guardado, porque isso até serviria para termos na memória e lembrarmos deste dia – tinha ali uma trouxa que eu até pensei que fosse uma trouxa de roupa que alguém tinha largado ali para as crianças, visto que era cedo da manhã e um dia muito frio, e nós chegando lá perto, sabem o que era? Era uma criancinha, alguém tinha abandonado uma menininha, recém-nascida, estava lá enrolada num casaco velho, em pequenos trapos. Aquele foi um dia muito marcante para a minha vida e para a vida do meu inesquecível e saudoso, falecido Ademir Castilho Dorneles. Mas, quando nós batemos na porta, rapidamente, uma senhora veio nos atender e ela recebeu aquilo com naturalidade, porque ela disse que o que nós estávamos vendo era normal, isso acontece seguidamente.

Veja, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o trabalho que o Amparo Santa Cruz presta às crianças abandonadas, àquelas crianças que tanto precisam e tanto necessitam de um carinho, de um calor humano.

Mas, naquele nosso convívio, para alegria minha, falei com um Padre, ali nas galerias e ele confirmou, que eu dei a idéia juntamente com o Ademir, porque o Amparo não fazia uma pequena padaria, porque além de auxiliar na alimentação dessas crianças, e sabemos que o consumo de pão, onde existe bastante criança, ele é enorme. E graças a Deus, para a minha alegria, fiquei sabendo agora que a padaria funciona muito bem para que as crianças tenham ali o seu pão do dia-a-dia. E além disso tenho certeza que muitas crianças que lá estão aprendem uma profissão, e diga-se que a profissão de padeiro é uma bela profissão, porque trabalhar em padaria nos dias de hoje é uma barra. Além de ser profissional tem que ser um artista, porque a qualidade das nossas farinhas, o insumo que requer a fabricação do pão, de uns anos para cá mudou muito mesmo.

Portanto, meus queridos amigos, Diretores do Amparo Santa Cruz, minhas queridas amigas, Diretoras, professoras, diversas pessoas que ocupam cargos e colaboram para o Amparo Santa Cruz. Faz tempo que eu não apareço no Amparo Santa Cruz, mas brevemente irei lá, pois depois dessa homenagem os compromissos que assumimos são enormes porque as coisas boas, a gente esquece e uma das coisas boas que esqueci foi de fazer uma visita ao Amparo Santa Cruz, faz anos que não vou lá, mas continuo fazendo a nossa colaboração, através da Padaria, ao Amparo Santa Cruz, na medida do possível.

Termino, deixando mais uma vez o meu abraço ao companheiro, ao amigo Vicente Dutra que lembrou em muito boa hora em fazer esta homenagem ao Amparo Santa Cruz.

Fica aqui o meu abraço a minha gratidão àquelas pessoas que colaboram com o Amparo Santa Cruz, porque estão colaborando com esses pequeninos que tanto necessitam de uma mão estendida.

E estamos estendendo a mão a estas crianças que serão o futuro do nosso País. E como este País precisa da idéia destas crianças! E tão pouco se faz pelas crianças deste País.

Mas, ainda existem casas como o Amparo Santa Cruz que prestam este grande trabalho, de humanidade e calor humano às crianças abandonadas da nossa Cidade. A eles o meu muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença em, Plenário, do Ex. Vereador Frederico Barbosa. É um prazer tê-lo conosco. E também a presença do Sr. Carlos Hoffmeister.

Concedemos a palavra ao Ver. Requerente da homenagem, Ver. Vicente Dutra, que falará pelo PDS, PT, PMDB, PTB, PFL, PSB e PL.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Vereador Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Padre Almarinho Vicente Lazzari, Vice-Diretor-Presidente do Amparo Santa Cruz; Dr. Frederico Barbosa, que está representando, neste Ato, Dr. Germano Bonow, também colaborador do nosso Amparo Santa Cruz; Dr. Frutuoso Brum, representando o Rotary Clube Porto Alegre - Independência; Dr. Sérgio Crocoli, atuante colaborador da linha de frente do Amparo Santa Cruz; Professora Helena Strodolini, todas as horas a frente do Amparo, minhas crianças e jovens do Amparo, Srs. Vereadores.

Nós pretendemos, com esta homenagem, deixar registrada nos Anais desta Casa a passagem dos 50 anos desta Entidade. Entidade que cumpre um papel importante na história desta Cidade e que entende que a Câmara de Porto Alegre - e como disse num pequeno pronunciamento que fiz anteriormente - é onde repercuti tudo que de bom e de mal acontece nesta Cidade. Graças a Deus, neste momento, é uma coisa boa, estamos festejando algo positivo. Então, isso nós temos que deixar registrado dentro dos Anais da Casa.

Portanto, (lê), “a mais expressiva prestação de serviços aos seres humanos não pode ser melhor traduzida do que pelo trabalho, o incansável e inestimável trabalho que o Amparo Santa Cruz – Orianópolis vem desenvolvendo, e em nossa cidade, onde já atua há exatos 50 anos. A recordação, emocionada e agradecida, dos mais velhos, ainda registra a querida figura do saudoso bispo de Porto Alegre, Dom João Becker, naquele distante 29 de julho de 1940, que ao lado de outras personalidades como Dona Luiza Freitas Valle Aranha, a primeira presidente da Entidade, se fazia presente à solenidade de inauguração do Amparo, que outra coisa não era, senão a concretização do sonho do Padre João Rick, em criar uma casa destinada ao abrigo dos filhos sadios dos hansenianos.

Este meio século que decorreu entre a realidade daquela feliz iniciativa e os nossos dias, sabemos todos, foi marcado por profundas transformações, as quais, entretanto, não nos proporcionaram o eldorado do resgate social dos desvalidos. E o Amparo Santa Cruz também mudou, ampliando seus horizontes iniciais para o abrigo, a proteção e o socorro de todos quantos dele viessem a necessitar. Não mais, exclusivamente, filhos sadios de hansenianos são socorridos por aquela instituição; além desses, hoje, todos os demais desamparados têm encontrado, lá, uma porta aberta, um teto, um prato e a palavra de Deus.

Os rotarianos de Porto Alegre desde a fundação participaram ativamente da trajetória histórica do nosso Amparo Santa Cruz.

Exerceram, os rotarianos ou suas esposas, ao longo destes 50 anos diversos cargos na Administração da Entidade, destacando-se as presidências da Sra. Vali Bersano, Carmem Chagas Ribeiro, Eloisa Greven, Elizabete Felice, Carlos Born, Carlos Bento Hoffmeister Fº e Maria Izabel Cirne Lima Oliveira.”

“Ainda por mérito de sua inestimável contribuição evoco a figura ­do Dr. Raul De Primio, já falecido, e sua esposa Woglinde De Primio, incansáveis lutadores pela manutenção desta casa, hoje homenageada.”

Poderia citar muitos outros rotarianos, mas faço menção apenas a Antônio Parissi, que está sentado à Mesa e que faz parte desta plêiade de amigos. Que continue prestando o apoio que sempre prestou ao Amparo Santa Cruz. (Lê.)

“Quis a Providência que a partir de 1983 o Amparo Santa Cruz viesse a ser administrado sob a responsabilidade da Congregação Religiosa Pequena Obra da Divina Providência, fundada pela figura carismática do Beato Luiz Orione, cuja morte ocorreu justamente no ano de 1940, numa seqüência casual de fatos que parece estariam a entrelaçar, desde então, os destinos de um homem e de uma instituição cujos objetivos foram os de servir ao próximo.”

Na mesma época em que foi fundada a Congregação, estava sendo fundado também o Amparo Santa Cruz. Por isto é que se comemoram os 50 anos do Amparo e os 50 anos do Beato Luiz Orione. E falando em “Pobres Servos”, pequena obra da Divina Providencia, não podemos deixar de lembrar a querida figura de Rômulo Mariano, primeiro Presidente desta segunda fase do Amparo Santa Cruz, homem que, por seus méritos, pela sua brilhante atuação em diversas atividades em Porto Alegre, principalmente à frente da Paróquia Santa Tereza de Jesus, uma das paróquias mais pobres de Porto Alegre. Essa congregação, quando chega em Porto Alegre, ou numa cidade qualquer, exige do Bispo que lhe coloque na paróquia mais pobre, Ver. Vieira da Cunha, e fazem um belo trabalho. Em todo o mundo é assim, e lá o nosso querido padre Rômulo desenvolveu um magnífico trabalho, se destacando, e os rotarianos o chamaram, e a sua congregação, e assumiram, a partir de 1983, o Amparo Santa Cruz. O padre Rômulo esteve há poucos dias conosco, chegou dia 14, ficou pouco mais de uma semana, mas ele está com um cargo em Roma, e foi obrigado a se retirar, pois nesta homenagem era esperada a sua presença. Pedimos à direção do Amparo que transmita ao padre Rômulo o nosso abraço, e assim estou transmitindo o abraço da Cidade de Porto Alegre que, aliás, lhe concedeu o título de Cidadão, por todo o trabalho que ele fez em Porto Alegre. Depois, assumiu a presidência o padre Geraldo Cruz, hoje provincial brasileiro da congregação, e , posteriormente, veio o padre Augusto Viana, atual Diretor. O beato Luiz Orione nasceu em Tortana, na Itália, em 23 de junho de 1872, família operária, dotada de profundo espírito cristão. Com apenas 17 anos sentiu-se atraído pelos exemplos de D. Bosco e de São José Benedito Cotolengo, ordenando-se sacerdote em 17 de abril de 1895. De generosidade amplamente reconhecida, teve o privilégio de emitir os votos das mãos do Papa São Pio X, falecido em São Remo foi beatificado em 1980, pelo Papa João Paulo II, e estas são algumas das razões pelas quais a Câmara Municipal de Porto Alegre está hoje, neste ano "Orionita", de 1990, aqui reunida para manifestar sua justa homenagem ao beato Luiz Orione e ao Amparo Santa Cruz Orionópolis, homenagem que tive a honra de propor a esta Casa, cujos pares me lisonjearam com aprovação unânime, homenagem, talvez, tardia diante de tudo que um pároco já fez por nós, através dos nossos pobres e necessitados, mas acima de tudo uma homenagem que talvez nos auxilie a resgatar, em parte, uma dívida antiga, e uma imperdoável omissão. Que a generosidade e o espírito cristão do beato Orione continue a iluminar os filhos que hoje administram o Amparo Santa Cruz, servindo de exemplo a outros homens de bem. Este é o nosso desejo, e que o Amparo Santa Cruz continue a socorrer os desvalidos, os famintos, os esquecidos da sociedade, porque de Deus ninguém será esquecido. (Palmas.) Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): Com a palavra o Sr. Antonio Parissi, Conselheiro do Amparo Santa Cruz.

 

O SR. ANTONIO PARISSI: Sr. Lauro Hagemann, Secretário em exercício da Presidência neste momento. Padre Almarinho Lazzari vice-Presidente do Amparo Santa Cruz; Carlos Bento Hoffmeister Filho, ex-Presidente do Amparo. Sérgio Crócoli, nosso digno Tesoureiro. Vereadores Luiz Vicente Dutra e Ervino Besson que usaram desta tribuna para enaltecer esta notável entidade assistencial que é o Amparo Santa Cruz. Srs. Conselheiros aqui presentes, rotarianos, idosos e crianças do Amparo Santa Cruz. Um dos lemas que o Beato Dom Orione sempre enalteceu em toda a sua vida e que hoje é estabelecido na sua entidade é que todos devem fazer o bem sempre, e o mal, nunca. O bem sempre a todos e o mal nunca a ninguém. E este lema é um lema que tem sido venerado dentro do Amparo Santa Cruz. Nós fazemos uso da palavra, neste momento para trazer um profundo agradecimento destas crianças que fizeram do Amparo Santa Cruz o seu lar. Um lar generoso. Um lar que tem sido profundamente grato para elas nestes 50 anos, para muitas das crianças que já são adultas e que voltam para colaborar com o Amparo Santa Cruz.

Um agradecimento muito forte, do mais profundo do nosso coração em nome da Diretoria, em nome dos Conselheiros e em nome, também, dos idosos que o Amparo Santa Cruz abriga. Aqui o Ver. Ervino Besson fez um relato de histórias que ele viveu no Amparo Santa Cruz. Nós poderíamos relatar inúmeras histórias comoventes, magníficas do que aconteceu naquele Amparo. Porque quando pessoas se dedicam a amparar aquelas que mais necessitam, Deus está do seu lado. E milagres acontecem a todo momento e isso o Amparo Santa Cruz tem sido pródigo. Poderíamos, para enaltecer a figura deste Educandário, lembrar um fato que é extraordinariamente importante e que deve ser enaltecido: nesses 50 anos de vida em que, sendo uma entidade sui generis, porque lá abrigamos meninas e guris, nós não tivemos nenhum caso de uma moça que de lá saísse e caísse na vida errada, na prostituição. Todas as meninas, todas as moças que de lá saíram constituíram novas famílias porque lá tiveram o seu lar. Nunca tivemos um caso de uma delinqüência, sequer, de um guri que saiu lá de dentro do Amparo Santa Cruz nesses 50 anos e essas meninas e rapazes que lá viveram hoje voltam ao Amparo nos fins-de-semana para visitar o seu lar, porque têm saudades da vida que tiveram lá dentro.

Então,nós nos sentimos orgulhosos e recebemos esta homenagem até com um sentido de merecimento porque o Amparo Santa Cruz efetivamente foi uma entidade sempre exemplar. E não bastasse abrigarmos crianças que fazem de lá o seu lar e que lá têm o seu abrigo permanente e que lá recebem o carinho que muitas vezes lhe faltou num lar constituído, fazem daquele ambiente o seu lar e lá são amados por todos que com eles convivem. Aqui está uma pequena parcela dessas crianças felizes, bem nutridas, bem vestidas dentro da simplicidade que uma instituição como a nossa pode oferecer e temos também a presença de alguns idosos dos 25 que lá temos, porque não bastasse atender as crianças, os oriunitas representados por este notável sacerdote que é o Padre Almarinho, ainda quiseram abrigar idosos. E estamos agora, Srs. Vereadores, Srs. e Sras. aqui presentes abrindo mais um campo de atividades, de atendimento aos abandonados, brevemente, dentro do Amparo Santa Cruz, estaremos construindo um pavilhão para receber de 40 a 80 crianças excepcionais. Excepcionais educáveis, excepcionais realmente abandonados pela sociedade, porque o Amparo, efetivamente, abriga aquelas crianças, aqueles velhinhos que real­mente não têm mais uma família onde pudesse se apoiar. Porque se o Amparo Santa Cruz descobre que estas crianças têm um parente, alguma família, esta criança volta para essa família, porque não há nenhum educandário capaz de dar o carinho que uma família dá, e nisto nós procuramos suprir essas falhas que todos os educandários têm. E fazer dessas crianças cidadãos dignos, dignos de ter uma vida digna dentro da sociedade, este é um esforço que todos fazemos, somos por isso, Srs. Vereadores, Sr. Presidente e Srs. Secretários, Ver. Vicente Dutra, um grande colaborador do Amparo Santa Cruz e nosso conselheiro há muitos anos. Somos profundamente gratos por este reconhecimento e podem ter certeza que sempre que prestigiar entidades como o Amparo Santa Cruz e que são muitas neste Estado do Rio Grande do Sul, e nesta Cidade de Porto Alegre, sempre que reconhecerem o farão por um símbolo de gratidão que a comunidade deve ter. Porque essas crianças que estão aí, temos certeza que serão cidadãos dignos de defender a sua Pátria, o civismo, o amor, a família, a Deus e a todo o ser pensante que possa proteger esse nosso Brasil querido. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Pois bem, encerrando, nós não poderíamos deixar de registrar o prazer em recebê-los, não com tanto carinho, como os senhores, as senhoras, os professores, a Direção, os alunos, recebem lá no Amparo Santa Cruz. Lá realmente se sente calor humano, há poucos dias estivemos num almoço e também no início da oficialização do CTG, do Galpão Crioulo, que façam um bom proveito. E sei que lá naquele almoço o Ver. Vicente Dutra mostrou o seu outro lado de cantor de cantigas italianas, pelo menos foram as informações que eu recebi. Vamos a qualquer momento fazer uma convocação ao Vereador para que ele possa cantar italiano aqui na Casa do Povo.

Srs. Diretores, quem se sente orgulhoso não são os senhores, somos nós que estamos acompanhando este excelente trabalho que desenvolvem sem procurar nenhum destaque, e sim buscando melhores condições para as crianças e idosos que lá recorrem. Nossos cumprimentos, nosso abraço, sejam bem-vindos a esta Casa, acredito que nós não estejamos juntos no centenário, mas que outras pessoas mais fortes que nós e que vocês estejam presentes. Tomara que a gente esteja presente; de uma maneira ou de outra nós estaremos presentes. Um grande abraço.

Suspendemos os trabalhos, tendo em vista que estamos no Grande Expediente, para entrarmos nas Comunicações. Um abraço a todos. Encerrado este momento em homenagem ao nosso Amparo Santa Cruz pelo seu cinqüentenário. Muito obrigado pela presença de todos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às l5h30min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga – às 15h31min): Reabrimos os trabalhos. Visualmente não há “quorum”.

Não havendo “quorum”, convocamos os Srs. Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Estão levantados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 15h31min.)

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